Apresentação do tema e cartaz das Sanjoaninas 2023

As maiores festas dos Açores regressam à cidade de Angra do Heroísmo no próximo mês de junho. Guido Teles, Vice-presidente da Câmara Municipal, afirmou que “nesta edição comemoramos o 40.ª aniversário da classificação do centro histórico de Angra do Heroísmo como património mundial, reconhecimento que se seguiu ao devastador sismo de 1980 e que valorizou a ligação direta e tangível da cidade à expansão marítima europeia, evento significativo da história universal, alavancando o renascimento vigoroso das cinzas rumo à modernidade”.

O tema, idealizado por Cláudia Cardoso apresenta Angra como “A Fénix Vigorosa do Atlântico“, salientando a força e capacidade de renascimento que os Angrenses demonstraram aquando do devastador sismo de 1980.

O desafio de elaboração do cartaz das Sanjoaninas 2023 foi apresentado ao designer de comunicação Rúben Quadros Ramos, o que motivou a inovação na conceção da imagem combinando, numa simbiose perfeita, a Fénix como elemento vigoroso entre uma Angra desfeita por uma catástrofe e uma Cidade reerguida como Património Mundial da UNESCO.

Entre 22 de junho e 2 de julho de 2023, as Sanjoaninas prometem encher as ruas da cidade de Angra do Heroísmo com concertos, gastronomia, tauromaquia, desporto, desfiles, exposições e marchas populares, num encontro de gente e tradição bem característico da ilha Terceira.

SANJOANINAS 2023 – O Tema

ANGRA: A FÉNIX VIGOROSA DO ATLÂNTICO

A 1 de janeiro de 1980 Angra foi arrasada por um violento sismo 7.2 da escala de Richter. Teve de reerguer-se qual Fénix, a figura mitológica grega que renasceu das próprias cinzas, a pulso e assente na fibra da sua gente. E fê-lo de forma tão evidente e tão bem-sucedida que, passados apenas 3 anos, integrou a lista de cidades Património Mundial da UNESCO. Do colapso devastador se alimentou a força do seu renascimento. Da poeira dos escombros se consumou a mais alta distinção. Neste ano em que se comemoram 40 anos sobre esta conquista, depois de ser reconhecida a sua resiliência e estoicismo, e depois de confirmado o heroísmo do seu povo, é tempo de celebrar a distinção dos outros sobre nós. De aplaudir a sua nobreza, de assacar as suas virtudes, de reconhecer de que fímbria é feita a sua têmpera.

A terra de Violante do Canto e de Brianda Pereira. Vivemos tempos difíceis, em que se desmerece o mérito e se endeusam medíocres. Mas, cabe-nos reconhecer a virtude de habitarmos uma cidade baía que não é apenas porto, mas que é deusa renascida, que é soberba na nobreza do seu casario, e na aristocracia do seu semblante renovado.

Embora seja uma aristocrata que levanta a roda do vestido para dar um pé de dança. Que sabe que a nobreza de carácter não se esfuma por se conviver com o povo no meio da festa. Angra é senhora, mas não é arredia; é distinta, mas não é arrogante; é resistente, mas não é implacável. Tem nos seus traços de velha senhora um sorriso gracioso de menina, que lhe traz no regaço o prazer de ser gregária, de saborear a alegria duma gargalhada; e de saber acolher o forasteiro com renovada simpatia.

Angra reergueu-se das suas próprias cinzas e é hoje vigorosa e moderna, oferecendo qualidade de vida aos seus munícipes e sabendo-se especial.  Afinal, Angra sabe da profunda dor da destruição. E conhece os meandros recônditos do sofrimento. Pedra a pedra. Escombro a escombro renovou-se. Da Rua da Sé ao Lameirinho. Do Alto das Covas ao Pisão. Angra ostenta com orgulho a sua distinção, mas não é, por isso, soberba nem tola. Caminha a passo firme na certeza da sua galhardia, que a faz singular e distinta. Que a faz capitalina e mundana. Reservada e atrevida. Aristocrática e popular. Que a fez capaz de se reerguer e renascer da absoluta insignificância do pó. E de manifestar o seu vigor atlântico num pasodoble afinado ou numa varanda enfeitada. Angra renasceu e fez-se vigorosa. Como mulher sábia que é. Devolvendo ao seu povo o amor que ele, insistentemente, lhe dedica.

Cláudia Cardoso.

SANJOANINAS 2023 – O Cartaz

O cartaz das Sanjoaninas 2023 inspirou-se na art déco e apresenta uma ilustração sobre o Oceano Atlântico, onde uma fénix volante renasce das suas cinzas, tal como Angra renasceu da destruição provocada pelo sismo de 1980. Na base do cartaz, apresenta-se a dicotomia entre a cidade arruinada, na sombra, e a urbe reconstruída, vigorosa, na luz. O cartaz traduz a capacidade de regeneração de Angra, representada pela fénix fogosa e depois empoderada pelo título de Património Mundial, conquistado em 1983. Lanço o convite para um olhar mais prolongado, onde outros detalhes poderão ser encontrados.

Rúben Quadros Ramos.

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