O Conselho de Ilha da Terceira decidiu fazer pressão junto do Governo Regional e dos deputados da Assembleia da República para que sejam desbloqueados entraves às escalas técnicas no aeroporto das Lajes.
“A luta da Terceira sempre foi uma luta por condições iguais para competir, nunca foi uma luta para ter condições preferenciais nesta matéria”, frisou o presidente do Conselho de Ilha, Roberto Monteiro, em Angra do Heroísmo, à margem de uma reunião, em que, de forma consensual, os conselheiros reclamaram melhores condições de potenciação do uso civil do aeroporto da ilha.
Segundo Roberto Monteiro, no primeiro trimestre de 2015, as escalas técnicas na ilha Terceira representavam apenas 7,74% das escalas técnicas feitas nos Açores, sendo que 81,29% foram feitas na ilha de Santa Maria, 10,32% em São Miguel e 0,64% no Faial.
No entanto, segundo o presidente do Conselho de Ilha e autarca da Praia da Vitória, a Terceira está numa “situação concorrencial desfavorável”, em parte devido às exigências feitas pelos militares portugueses e norte-americanos estacionados nas Lajes.
O autarca deu como exemplo a necessidade de as escalas técnicas serem autorizadas com três dias de antecedência, de o preço ser superior ao praticado no aeroporto de Santa Maria, de o custo do combustível e do ‘handling’ ser mais elevado e dos entraves colocados pela Força Aérea que têm impossibilitado, por exemplo, o abastecimento dos aviões com passageiros a bordo.
Segundo Roberto Monteiro, o Conselho de Ilha da Terceira vai enviar um memorando ao Governo Regional alertando para as matérias que são da sua competência, como o preço dos combustíveis e do ‘handling’ e, por outro lado, vai procurar sensibilizar os deputados da Assembleia da República para a necessidade de se reduzirem os constrangimentos provocados pela Força Aérea.
No âmbito da discussão, houve mesmo quem defendesse que o aeroporto das Lajes devia ser transformado em “aeroporto civil, com opção prioritária militar”, alegando que existem outros constrangimentos provocados pelo uso militar do aeroporto para além dos que se verificam com as escalas técnicas.
Para Roberto Monteiro, nesta fase pode ser “precoce” reivindicar um aeroporto civil nas Lajes, tendo em conta que ainda está em aberto um reforço de valências militares norte-americanas na base, mas é uma hipótese que pode vir a ser colocada.
“Se for para continuar com serviços mínimos garantidos militares, indiscutivelmente a melhor solução é alterar o estatuto para base civil, com utilização prioritária militar”, frisou, acrescentando que houve uma redução significativa das contrapartidas do uso militar e existem cada vez mais obstáculos à utilização da aeronáutica civil.
Segundo o presidente do Conselho de Ilha, há um custo de oportunidade perdido com a utilização militar do aeroporto, que equivale a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) da ilha, que terá de ser compensado de alguma forma.
“Não podemos ficar como estamos. Ou há, efetivamente, uma utilização militar que gera uma contrapartida em termos de PIB, em termos de criação de emprego, em termos de dinâmica económica para a Terceira ou, não havendo, terá obrigatoriamente de encontrar-se uma solução de potenciação da via da aeronáutica civil”, salientou.