Angra do Heroísmo preparada para celebrar Camões nas Sanjoaninas 2025

As Sanjoaninas 2025 decorrerão de 20 a 29 de junho, em Angra do Heroísmo, celebrando o tema Ilha dos Amores, em homenagem a Luís de Camões nos 500 anos do seu nascimento. O maior evento dos Açores promete concertos, desfiles, gastronomia, exposições, desporto, marchas populares e tauromaquia. Dez dias de cultura, tradição e festa no coração da Terceira, num convite aberto a todos para celebrar a vida.

Para Guido Teles, Vice-Presidente da Câmara Municipal, «Angra celebra este ano uma das mais icónicas personalidades do nosso país, assinalando os 500 anos do seu nascimento. E nada melhor do que fazê-lo dedicando as maiores festas dos Açores a um excerto d’Os Lusíadas que retrata uma ilha abençoada que os navegadores encontraram no seu regresso a casa, sabendo-se que a baía de Angra era precisamente um porto de escala obrigatória das naus no regresso a Lisboa. Que as Sanjoaninas 2025 sejam mais uma expressão da alegria contagiante que caracteriza a Terceira e os terceirenses e mais uma prova do bem receber do nosso povo».

Tema

Autor: Luiz Fagundes Duarte

Diz-nos Camões, n’Os Lusíadas, que Vénus — a Deusa do Amor, muito nossa amiga — pediu a seu filho Cupido que premiasse os marinheiros portugueses pelos enormes trabalhos e vitórias que tinham tido na descoberta do caminho marítimo para a Índia e, assim, de um novo mundo. E deu-lhe esta ideia: colocar-lhes no caminho de regresso a casa uma ilha muito bela, cheiinha de saborosos manjares e de belas ninfas amorosas, onde eles encontrariam o prémio do repouso e o deleite do prazer, e gerariam fortes e belas crianças que seriam os novos portugueses nascidos do mar numa ilha abençoada pelos deuses. Ao que Cupido — que era o Amor em pessoa — respondeu que sim e logo convocou todas as ninfas dos mares — as Nereides —, utilizando aquele seu ardil que todos bem conhecemos: alvejava-as com as setas do seu arco, e elas, à medida que iam sendo atingidas, suspiravam ardentemente e, «do doce amor vencidas», preparavam-se para se oferecerem aos marinheiros de quem, mesmo sem os terem visto ainda, já conheciam a fama. E que fama!

E foi assim que surgiu do meio do mar uma ilha, sem dúvida que puxada por Vénus, que mesmo de longe os marinheiros acharam que era fresca, bela, formosa, alegre e deleitosa — e na qual, como nos narra Camões, viriam a passar-se coisas tais e tão boas que ainda hoje nos fazem ferver a imaginação.

Há quem garanta que esta ilha foi uma fantasia do poeta, e que não passa de uma construção simbólica própria de um poema épico feito à maneira da Odisseia de Homero ou da Eneida de Vergílio, nas quais heróis valorosos como Ulisses ou Eneias, após longas e perigosas viagens marítimas, acabavam por arribar a uma ilha abençoada onde eram premiados pelos seus feitos e pelo conhecimento assim adquirido. Pode ser.

Mas também pode ser que Camões se tenha inspirado numa das muitas ilhas que povoam os oceanos Atlântico e Índico e que, ficando nas rotas de ida e volta entre Portugal e a Índia, consoante os ventos e as correntes, terá obrigatoriamente visitado nas suas andanças por esse mundo fora. Pensemos, por exemplo, nas ilhas de Bombaim, Angediva, Zanzibar ou de Moçambique, no Índico, e, no Atlântico, nas de Santa Helena, Santiago e, por fim e mais importante, a nossa Terceira — que, nas viagens de regresso, era a última escala das naus antes de Lisboa, seu destino final.

E porque em matérias como estas não há que escolher entre realidade ou fantasia, fiquemo-nos pela fantasia de que a Terceira poderá ter servido de modelo a Camões para construir a sua «ilha namorada», a que também chamou «ilha de Vénus» e que a tradição viria a rebaptizar como «Ilha dos Amores». Se for verdade, coisa que ninguém poderá comprovar, tanto melhor e ficamos todos contentes; mas se for fantasia, o que também ninguém comprovará, nada de mal daí virá ao mundo: a verdade é que Camões passou por aqui, e poderá ter namoriscado alguma das nossas ninfas — enquanto nós seremos rebentos longínquos de amores em algum tempo havidos entre valentes marinheiros e doces ninfas do mar…

Cartaz

Autor: Rúben Quadros Ramos

O tema das Sanjoaninas de 2025 — Ilha dos Amores — presta homenagem a Luís de Camões, no âmbito das comemorações nacionais dos 500 anos do seu nascimento. Figura incontornável da literatura e cultura portuguesas, Camões imortalizou os feitos de Portugal n’Os Lusíadas, uma obra-prima da poesia épica que enaltece os navegadores lusitanos e as paisagens que desbravaram. Angra do Heroísmo, pela sua história ligada às Grandes Navegações, não poderia deixar de se associar a estas comemorações.

Entre os episódios mais emblemáticos d’Os Lusíadas encontra-se o da Ilha dos Amores. Nesta passagem, Camões narra a chegada dos navegadores portugueses a uma ilha mítica, onde são recebidos por ninfas que celebram os seus feitos e os recompensam com amor e descanso. Esta ilha bela e encantada, simboliza um lugar fantasioso, de recompensa e de triunfo.

No cartaz das Sanjoaninas deste ano, Angra apresenta-se como a Ilha dos Amores. A sua arquitetura, o mar que a rodeia e a atmosfera vibrante das festas, criam um retrato desse lugar imaginado, onde o heroísmo e o amor dão lugar à celebração. Os tons suaves e os elementos ilustrados reforçam esse espírito de serenidade, beleza e alegria, que fazem das Sanjoaninas um evento único.

Este cartaz representa o caráter profundamente humano destas festas. As Sanjoaninas são mais do que um evento cultural: são um lugar de encontros e reencontros, onde famílias e amigos celebram a vida, a tradição e os sentimentos que nos ligam uns aos outros… e talvez, nesta perspetiva, as Sanjoaninas sejam a verdadeira Ilha dos Amores.

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