Centro Etnográfico da Quinta do Martelo

O nome Quinta do Martelo advém de uma aldraba do século XVIII que ainda ornamenta o portão principal da quinta. Esta propriedade, situada a cinco quilómetros da cidade de Angra do Heroísmo, conheceu o seu auge durante o ciclo da laranja, um dos ciclos económicos importantes na economia dos Açores, depois do pastel, dos cereais, até ao hoje denominado ciclo da vaca. Mais tarde, a quinta dedicou-se à produção de vinho e aguardente de nêspera, fruto que ainda pode ser encontrado na quinta, a par de muitas laranjeiras e outras árvores de fruto, em simultâneo com culturas hortícolas que são usadas, igualmente, no dia a dia, no restaurante tradicional «A Venda do Ti Manel da Quinta». A evolução das casas rurais da ilha Terceira começa por uma edificação de três cómodos, constituída por cozinha, meio da casa e quarto. Com os crescimento das famílias, surgiram necessidades novas, o que levou a que o meio da casa assumisse várias utilidades, tais como arrecadação e trabalho, também local de dormida para jovens filhos, tendo-se tornado, com o tempo, insuficiente. Cresceu o aproveitamento do sótão. Com uma construção de prolongamento do telhado, utilizando os desníveis e fazendo crescer a cobertura, ganha-se um espaço onde, roubado ao quintal e juntando paredes, se criam quatro novos quartos, mantendo a cozinha polivalente. A história dos Açores, ligada à gastronomia, está fielmente representada no restaurante da Quinta do Martelo. Desde logo, no enquadramento fiel das instalações e na sua evolução progressiva, a partir da mercearia com petiscos até ao espaço reservado para refeições completas. A base de alimentação tradicional do povo rural passava pelo pão e pela agricultura de subsistência. No entanto, em dias de festa, em que havia um esforço para apresentar pratos melhorados a familiares e convidados, eram usados produtos próprios para essas ocasiões, com base na criação do porco, da vaca ou da galinha, como pitéus absolutamente sazonais para agradar às visitas.