Data e hora
Date(s) – 21/02/2025 a 21/03/2025
19:00
Local
Centro Interpretativo de Angra do Heroísmo
Categorias
Evento de entrada gratuita.
É já Domingo, Domingo Gordo!…
– Miguel Sousa Azevedo (*)
…a tradicional Garraiada dos Estudantes. A nossa Tourada. A mescla natural entre a irreverência dos jovens, a Tauromaquia e o Carnaval, numa realidade tão terceirense que nem se conhece o nascer da festa.
Muitas gerações desta terra, entre o orgulho e a nostalgia, estão retratadas numa simples mostra, agregada em Angra do Heroísmo, cidade-património, que revela a face visível de uma história longa.
O que é afinal a Tourada dos Estudantes? No fundo, uma manifestação da juventude local, cujas origens se perdem no tempo, mas que junta, por alturas do Entrudo, a crítica social e a paixão pela Tauromaquia, pois para lá do espalhafatoso Cortejo que atravessa a cidade, na Praça houve sempre prioridade à parte séria das artes do redondel, com cavaleiros, lides apeadas e pegas de caras, para lá dos muito aguardados números cómicos.
No fundo, um festival taurino que, desde a primeira metade do século passado, deu grandes tardes carnavalescas à velhinha Praça de São João, atravessou o Estado Novo, rematou-se como um também-grito de Liberdade, desembaraçou-se do sismo de 80, mudou de casa, adaptou-se, resistiu ao surgimento de novas escolas, e está novamente pujante e a atrair os mais jovens. Os anos passaram, mas a Tourada dos Estudantes aguentou-se. Sempre!
Foram centenas os estudantes desta terra a viver as emoções da Garraiada. Passou pelas décadas o “grito de guerra” a vincar “quem é, quem é, que é que está aqui, é a malta da tourada que chegou agora aqui!”, que sem rimar marcou e uniu gerações, certamente com memórias boas da Tenta – realizada duas semanas antes do evento -, das “bocas” do “WC” – a animar as ruas de Angra nos dias anteriores -, ou da Volta à Ilha – na semana anterior, anunciando o folgazão certame -, e que pode relê-las também no mortífero cartaz, uma outra tradição dentro da mesma.
Contam-se os dias para começar o tão aguardado Cortejo, que já cruzou o velho burgo quinhentista em diferentes percursos, mas que há 40 anos se dirige à Monumental Praça de Toiros Ilha Terceira, deixando no ar piadas e gargalhadas, algumas toldadas por um Arranhão com letra grande, quase tão grande como as da quadras e frases soltas que retratam e “mordiscam” a atualidade.
Depois, alternando com o alinhamento onde passaram quase todos os nomes grandes da nossa Festa Brava, as reses velozes vão tentando colher os atores de ocasião, que brincam como nunca naquele dia. Numa magia que os acompanhará pela vida…
Também, para as muitas comissões organizadoras, culminam as primeiras responsabilidades no levar a cabo uma “empreitada” que necessita de apoios e de consensos, que esteve afastada dos agrados, mesmo sem nunca fraquejar, e que agora parece renascida.
Reviver a Tourada dos Estudantes de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores, é recordar o passar da nossa história, e reatar laços familiares, é abraçar a bravura que nos marca. Fazendo tudo isso num imenso assalto de Carnaval. Que está aí à porta. E a Tourada do Domingo gordo, pançudo, barrigudo, também…
(*) Jornalista. Adjunto da Comissão Organizadora da Tourada dos Estudantes de 1997