Data e hora
Date(s) – 26/08/2023
20:00 às 21:00
Local
Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo
Categorias
Concerto integrado na Temporada de Música Clássica 2023.
Entrada livre.
Notas de Programa
Couleurs d’un Rêve – Jean-Luc Defontaine (2000)
Nascido em 1954 e falecido em 2019, Defontaine não deixou para trás mais que as poucas obras que compôs – para além destas datas, nada se sabe sobre o compositor. Contudo, “Couleurs d’un Rêve” significa “Cores de um Sonho” – e isso é tudo o que precisamos saber para compreender o que ele quis dizer ao mundo com esta peça delicada, misteriosa e fluida.
Fratres – Arvo Pärt (1977)
“Fratres” significa “irmãos” em Latim, e foi o nome dado por Arvo Pärt a esta peça que escreveu, originalmente sem uma instrumentação fixa. Minimalista e introspectiva na sua essência, Fratres tem sido descrita como um “conjunto de variações deslumbrantes sobre um tema de seis compassos, combinando atividade frenética e quietude sublime que encapsulam a observação de Pärt de que «o instante e a eternidade debatem-se dentro de nós».”
“O complexo e multifacetado só me confunde, e eu devo buscar a unidade. O que é ela, esta coisa una, e como encontro o meu caminho até ela? Vestígios desta coisa perfeita aparecem sob muitas formas — e tudo o que não é importante vai caindo por terra.” — Arvo Pärt
“Eu poderia comparar a minha música a luz branca, a qual contém todas as cores. Apenas um prisma pode dividir as cores e fazê-las aparecer; este prisma poderá ser o espírito do ouvinte.” — Arvo Pärt
Prélude et Saltarelle – Robert Planel (1957)
A obra Prélude et Saltarelle, composta em 1957 para saxofone alto e piano, divide-se em três grandes secções: o Prélude (Trés calme) introduz a obra numa aura impressionista que resulta numa cadência no saxofone. A cadência, virtuosa e rica em contrastes, resolve-se na terceira e última secção da obra: a Saltarelle (Mouvt de Saltarelle). A Saltarelle é uma dança musical típica da Itália central e uma das primeiras partituras conhecidas até aos dias de hoje remetem para 1935. O seu caráter é vivo, alegre e saltitante e, originalmente, é uma dança de pastores e camponeses.
Sonata para Piano 1.X.1905 – Leo Eugen Janáček (1905)
Composta por dois andamentos (O Pressentimento e A Morte), esta Sonata, também conhecida como From the Street (Da Rua), foi fruto de um evento trágico que decorreu em Brno (República Checa) durante um período de agitação nacionalista. No dia 1 de Outubro de 1905, numa manifestação universitária naquela cidade, um soldado alemão esfaqueou violentamente František Pavlík, um trabalhador de 20 anos. Nesta obra, Janáček expressa a sua reação perante uma morte desumana e desnecessária. Originalmente esta Sonata era composta por três andamentos, mas o compositor incendiou e destruiu o terceiro e último, Marcha Fúnebre, antes da estreia da obra em 1906. Em 1924, em Praga, depois de interpretada pela segunda vez, Janáček comentou o seguinte: “O mármore branco dos degraus do Besední dům de Brno… o simples trabalhador Frant. Pavlík cai lá, manchado de sangue… Ele veio apenas para fazer campanha pelo ensino superior – e foi morto por assassinos brutais”.
Huit Morceaux, op. 39 – Reinhold Glière (1909)
“Huit Morceaux” significa literalmente “oito pequenas peças”. Originalmente compostas para violino e violoncelo, estas obras pós-românticas são leves e cheias de personalidade. O próprio Glière, russo-ucraniano e de ascendência alemã, era violinista, o que transparece na versatilidade técnica das pecinhas que, ainda assim, são simples e bem-humoradas.
Elegie, op.23 – Josef Suk (1902)
Josef Suk foi um violinista e compositor tcheco, a não confundir com o seu neto, de mesmo nome, que também se tornou um grande violinista no século XXI. O compositor da nossa “Elegie” casou com a filha do grande Antonín Dvořák, e a obra que hoje tocamos foi composta para um evento em honra de Julius Zeyer, um ilustre escritor tcheco, no primeiro aniversário após a morte do mesmo. Elegias normalmente são peças fúnebres – esta, porém, tem um tom mais positivo porque se trata, acima de tudo, de uma celebração da vida.